setembro 30, 2007

Amália em Paris 1967.

Após de se apressentar no Festival Mundial da Música Ligeira em Cannes, Amália parte a Paris no mês de maio para o “Olympia” nas “Olympiades Du Music-Hall” e fazer parte da Grand Gala du Music-Hall Portugais. Dez anos depois do grande sucesso neste palco, Paris ja era parte da cotidianeidade da vida profissional da artista.
No mesmo ano em que fora editado um dos seus melhores discos “Amália 67” ou “Maldição” Amália ja era uma Artista Internacional, em Hollywood com o Kostelanetz ou Bruno Coquatrix em Paris, Amália Rodrigues era dos nomes que brilhavan nos catazes dos principais teatros do mundo.
Nessa altura aparece publicada na revista “Plateia” uma reportagem de Magê: “Descobri Amália” onde ela relata aquele encontro na “Cidade Luz”:
- Tive de ir a Paris a descobrir Amália. Esta a conclusão que cheguei depois de quasse vinte anos de vida jornalística acompanhando a espantosa carreira da Rainha do Fado sem nunca ter escrito sobre ela uma linha sequer! Tentei-o por duas vezes, ja la vão quinze anos, mas como ela nao compareceu às entrevistas marcadas, desistí. Nunca mais a procurei ou falei com ela... Julgava-a uma mulher fria, demasiado autoritária, enfim, uma “vedeta” com os seus caprichos, como é uso e costume quando se atinge a craveira de Amália.
Devo confessar que mudei totalmente de ideias ao encontrá-la nos bastidores no final do espetáculo do “Olympia”, em que ela defendeu brilhantemente a participação de Portugal nas Olimpiadas Musicais que o Bruno Coquatrix deu início na sua famosa sala.
Ela dava autógrafos a toda gente, desde polícias até a estudantes do liceu, e eu aproveitei a oportunidade para solicitar uma entrevista, contando ou com uma negativa, ou com em enconro que nao chegaría a consumar-se.
Pois, Milagre! Amália prometeu e compriu. Quando cheguei ao seu hotel, ainda ela estava deitada, e com razão, por que, após o espectáculo fora comer chucruta até ás quatro da manhã...
Não obstante, pôs-se rápidamente de pé, e arranjou-se num instante.
A minha primeira impressão ao vê-la sem pintura e logo a manhã, foi de uma mulher jovem, fresca, atraente. Os cabelos cortados, como últimamente passou a usar, dão-lhe um ar gaiato e muito gracioso. A sua pele tem uma cor bronzeada, e o seu corpo mantém uma elegância apreciável (com 1 metro e 58 centímetros de altura, o seu peso não vai alem dos 55 quilos)
Amália não conhece o emprego de cintas e tem a sorte de comer à vontade sem medo de engordar...
Falando em Paris com um entusiasmo de adolescente, disse-me: - Adoro Paris e tudo quanto vejo por toda parte. Gostaría de comprar tantas coisas ,que tal ves por isso, nunca compro nada...
É paradoxal, mas se Amália o afirma, é assim mesmo... Ela fala com uma simplicidade total, uma naturalidade que me surpreende numa mulher tão habituada, e ao longo de mais de vinte e cinco anos, à palavra êxito em numerosas línguas.
Numa pausa do meu encontro com Amália, perguntei a seu marido, que assistiu a toda entrevista, se gostava das mulheres francesas... Resposta pronta: - Olho para todas... Voltei-me Amália e indaguei: - Que pensa desta reacção do seu Marido? – Acredite, Magê, não tenho ciúmes... E, pelo meu lado, não olho para nenhum francês...
Francamente Amália é uma excepção em tudo!...

Na fotografía:
Em Paris nunca se sabe o que o céu vai trazer... Trouxe dois guarda-chuvas, um para o día e o outro para a noite...